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Fotobiomodulação (LaserTerapia) para Fissura e Dor Crônica

Fotobiomodulação (LaserTerapia) para Fissura e Dor Crônica

A fotobiomodulação (PBM) — também chamada de laserterapia de baixa intensidade (LLLT) — utiliza luz vermelha e/ou infravermelha de baixa potência para modular processos biológicos, reduzir dor e favorecer cicatrização. Em proctologia, PBM vem sendo aplicada como coadjuvante no manejo da fissura anal e da dor anorretal crônica, com foco em analgesia, anti-inflamação e reparo tecidual.

O que é fotobiomodulação e como ela atua no tecido?

A PBM entrega luz vermelha/infravermelha de baixa potência que é absorvida pela citocromo c oxidase mitocondrial, aumentando ATP, liberando NO e modulando ROS. Esse efeito biofotônico reduz inflamação, melhora microcirculação, acelera reparo e diminui a dor por mecanismos periféricos e centrais, sem aquecer ou lesar o tecido.

Comprimentos de onda comuns: vermelho (≈630–660 nm) e infravermelho próximo (≈800–980 nm). A PBM ajusta cascatas celulares (NF-κB, COX-2), aumenta fatores de crescimento e promove angiogênese e re-epitelização. Na dor, modula canais iônicos (ex.: TRPV1), reduz substância P e sensibilização periférica, com possível impacto em vias centrais de nocicepção.

Por que aplicar PBM em fissura anal?

Na fissura crônica há hipertonia esfincteriana, isquemia e inflamação local. A PBM melhora microperfusão, atenua mediadores inflamatórios e estimula reparo, ajudando a quebrar o ciclo dor–espasmo–isquemia. Atua como adjuvante às medidas padrão (fibras, higiene, pomadas, botox/cirurgia quando indicados).

Relatos e séries clínicas indicam que a PBM pode reduzir escala de dor nas primeiras sessões e antecipar conforto evacuatório, favorecendo adesão aos cuidados. Não substitui a correção de hábitos (fezes macias, evitar esforço) e, em casos refratários, não dispensa terapias de maior impacto (diltiazem/nitroglicerina tópicas, toxina botulínica, esfinterotomia).

Em quais situações a PBM está indicada na proctologia?

Como coadjuvante em fissura anal aguda/crônica dolorosa, em dor anorretal crônica (p. ex., síndrome do elevador do ânus), em hipersensibilidade pós-procedimentos e no pós-operatório para conforto e cicatrização. Útil quando se deseja analgesia não medicamentosa e melhora funcional.

Perfis que se beneficiam: pacientes sensíveis a pomadas vasodilatadoras (cefaleia com nitro), mulheres puérperas, indivíduos com polifarmácia que buscam reduzir analgésicos, e casos com componente miofascial (pontos-gatilho do assoalho pélvico). Em dor neuropática e disfunção anorretal, combina-se PBM com fisioterapia pélvica e biofeedback.

Como é feito o procedimento (passo a passo)?

Sessões ambulatoriais de 10–20 minutos. Após higiene local, aplica-se PBM contato ou semicontato em pontos perianais. Costumam-se realizar 2–3 sessões/semana por 4–6 semanas, ajustando energia por área e tolerância.

(rotina clínica):

  1. Avaliação proctológica: confirmar fissura/dor e tratar causas associadas.
  2. Definição do protocolo (λ, potência, energia total, número de pontos).
  3. Proteção ocular quando houver risco de feixe direto.
  4. Aplicação pontual (mosaico) ao redor da fissura e em trajetos dolorosos.
  5. Reforço educativo: fezes macias, higiene suave, evitar esforço.
  6. Reavaliação semanal de dor, cicatrização e função evacuatória.

Quais parâmetros costumam ser usados?

Varia por equipamento e condição. Em geral, vermelho 630–660 nm e infravermelho 800–980 nm, potência 30–200 mW por ponto, dose 2–8 J por ponto (ou 4–12 J/cm²), 6–12 pontos por sessão, 2–3x/semana por 4–6 semanas. Ajustes ocorrem conforme dor, fototipo e evolução clínica.

  • Vermelho favorece epitelização superficial; infravermelho, planos mais profundos (músculo/esfincter).
  • Técnica em pontos (spot) ao redor da lesão, respeitando densidade de energia.
  • Em miofascial pélvico, mapeiam-se pontos gatilho para analgesia dirigida.
  • Documente energia total/sessão e evolução das escalas de dor (ex.: NRS).

Dói? Há efeitos colaterais?

A PBM é indolor; alguns pacientes relatam calor leve. Efeitos colaterais são raros e leves (hiperemia transitória, sensibilidade discreta). Não há queimadura quando os parâmetros corretos são respeitados. É uma ferramenta não invasiva e bem tolerada.

Cuidados reduzem intercorrências: contato delicado, limpeza adequada, evitar pressão mecânica sobre fissuras abertas, respeitar contraindicações e monitorar analgesia para prevenir excesso de esforço evacuatório por sensação de “dor zero” precoce.

A PBM substitui pomadas, botox ou cirurgia?

Não. A PBM é adjuvante. Pode reduzir dor rapidamente e acelerar reparo, mas fissuras crônicas com hipertonia significativa podem requerer toxina botulínica; refratários graves, esfinterotomia. O melhor resultado vem da associação: hábitos intestinais + terapia local + PBM + (se necessário) botox/cirurgia.

(tabela comparativa):

AbordagemObjetivo principalVantagensLimites
Pomadas (diltiazem/nitro)Vasodilatar, reduzir tônusBaixo custo, 1ª linhaAdesão/efeitos (cefaleia)
PBM (laser)Analgesia + reparoNão invasiva, bem toleradaEvidência heterogênea; adjuvante
BotoxRelaxar esfincterTaxas de cicatrização boasPode exigir repetição
ELI (cirurgia)Cura duradouraMaior eficáciaRisco de incontinência

PBM ajuda na dor anorretal crônica (síndrome do elevador do ânus)?

Sim, pode ajudar. Em dor miofascial do assoalho pélvico, a PBM modula pontos gatilho, reduz hiperalgesia e melhora função quando combinada a fisioterapia pélvica, exercícios de relaxamento e biofeedback. O efeito analgésico costuma ser percebido após poucas sessões.

Protocolos combinados incluem termorregulação suave, alongamentos, diafragma respiratório e treino de relaxamento esfincteriano. Em dor neuropática/hipersensibilização, avalia-se associação com terapia cognitivo-comportamental e manejo farmacológico.

Existem contraindicações e precauções?

Evitar aplicação sobre neoplasias ativas na área, infecção supurada sem controle, sangramento ativo e olhos. Cautela em gestantes (evitar abdome baixo/pelve sem indicação), fotossensibilizantes, epilepsia fotossensível e doenças desmielinizantes sem acompanhamento. Use EPIs e proteção ocular quando pertinente.

Em dermatites intensas, trate a inflamação antes. Em pacientes oncológicos curados, a PBM pode ser usada para analgesia/cicatrização distante do sítio tumoral com liberação do oncologista. Registre consentimento e objetivos realistas.

Como integrar PBM ao plano de cuidados da fissura?

Combine PBM com fezes macias (fibras + água), higiene com água morna, banhos de assento quando confortáveis, evitar esforço, realizar analgesia simples e avaliar toxina botulínica/cirurgia em refratários. Revise hábitos (apoio para os pés, rotina evacuatória) e seguimento periódico.

(checklist do paciente):

  • 20–30 g/dia de fibras + hidratação fracionada.
  • Evitar papel seco vigoroso; secar com batidinhas.
  • Apoio plantar no vaso para reduzir esforço.
  • Comunicação aberta: sinais de alerta (febre, sangramento importante, piora da dor).

O que esperar de resultados e em quanto tempo?

Muitos pacientes relatam alívio da dor nas 1–3 primeiras semanas. A cicatrização da fissura, quando ocorre com suporte clínico adequado, costuma evoluir ao longo de 4–8 semanas. A dor miofascial pélvica tende a reduzir gradualmente, com ganhos funcionais cumulativos.

Recidivas acontecem se hábitos desfavoráveis retornam (constipação, papel seco, esforço). Em fissuras muito crônicas, a PBM pode não ser suficiente sem relaxamento esfincteriano mais potente (botox/ELI). Ajustes de protocolo são feitos com base em escala de dor e exame clínico.

PBM é custo-efetiva?

Em geral, sim, como adjuvante: custo moderado, baixo risco, ganho de qualidade de vida e possível redução de analgésicos. O custo-benefício melhora quando integra protocolo estruturado e evita idas recorrentes a serviços de urgência por dor intensa.

A disponibilidade de equipamentos certificados e profissionais treinados impacta resultados. O prontuário deve registrar parâmetros, resposta clínica e orientações para auditorias e planos de saúde.

FAQ (12)

1) A PBM cicatriza fissura sozinha?
A PBM pode auxiliar no processo de cicatrização da fissura, mas geralmente não atua de forma isolada. Ela funciona melhor como tratamento complementar às medidas padrão, ajudando a reduzir dor, inflamação e favorecendo a recuperação, sendo associada, quando necessário, a botox ou cirurgia.

2) Quantas sessões são necessárias?
Frequentemente 8–12 sessões (2–3 por semana). O plano é ajustado à evolução clínica.

3) Dói durante a aplicação?
Não. A maioria sente apenas calor leve.

4) Posso parar as pomadas?
Não sem orientação. A PBM soma, não substitui tratamento indicado.

5) Serve para dor pélvica crônica sem fissura?
Sim, especialmente se houver pontos gatilho do assoalho pélvico, junto de fisioterapia.

6) Existem riscos?
Raros e leves quando bem indicada: hiperemia, sensibilidade passageira.

7) Gestante pode?
Avaliação caso a caso; evita-se aplicação sobre pelve/abdome inferior sem indicação formal.

8) Posso treinar normalmente?
Atividades leves podem retornar cedo; evite exercícios de atrito até melhora da dor e cicatrização.

9) Há risco de queimadura?
Com parâmetros corretos, não. PBM não é cirurgia térmica.

10) E se a dor não melhorar?
Reavaliar diagnóstico (fissura ativa? miofascial? neuropática?), hábitos intestinais e considerar botox ou outras terapias.

11) PBM interfere com marcapasso?
A PBM, quando aplicada localmente na região anorretal, não apresenta interação conhecida com marcapasso, sendo considerada segura nesse contexto. Ainda assim, é sempre fundamental informar o médico responsável antes do início do tratamento, garantindo acompanhamento adequado e maior segurança para o paciente.

12) Pode ser feita em casa?
Não é recomendado. Parâmetros e assepsia exigem profissional habilitado e equipamento adequado.

Considerações Finais

A fotobiomodulação (PBM) é uma tecnologia não invasiva, segura e de baixo risco, que acelera reparo, reduz inflamação e alivia dor. Em fissura anal, melhora o ambiente biológico para cicatrização; na dor anorretal crônica e miofascial, reduz hipersensibilidade e pontos gatilho. O padrão-ouro de cuidado continua sendo multimodal: hábitos intestinais saudáveis, higiene adequada, terapias tópicas bem indicadas e, para refratários, botox ou esfinterotomia. Inserida nesse contexto, a PBM agrega conforto, acelera a reabilitação e potencializa resultados, desde que realizada por profissionais treinados, com protocolos claros e acompanhamento clínico.

Dra Clarisse Casali
Dra. Clarisse CasaliProctologista Rio de Janeiro – RJ /Proctologista Ipanema / Proctologista Barra da Tijuca

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Sou Dra. Clarisse Casali, Proctologista do Rio de Janeiro (Sociedade Brasileira de Proctologia), Especialista em Saúde do Intestino. Residência médica em coloproctologia HFCF/Min.Saúde. Especialista em Saúde do Ânus. Pós-graduação pelo Hospital Albert Einstein – SP. Especialista no tratamento de Hemorroidas, Especialista  em colposcopia anal – American Society of Cervical Patology⚕️.
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Fontes Externas Consultadas

  • Anders JJ, Lanzafame RJ, Arany PR. Low-level light/laser therapy (photobiomodulation): mechanisms and dose–response. Photomedicine and Laser Surgery; revisões de mecanismos e parâmetros de PBM.
  • Enwemeka CS et al. The efficacy of low-power lasers in tissue repair and pain control: systematic reviews e metanálises.
  • World Association for Photobiomodulation Therapy (WALT). Recomendações e consensos de dose/segurança em PBM.
  • Mechanisms and applications of photobiomodulation in pain management. Revisões recentes em Lasers in Medical Science e Photobiomodulation, Photomedicine, and Laser Surgery.
  • ASCRS – American Society of Colon and Rectal Surgeons. Diretrizes de fissura anal e dor anorretal crônica (para integração com terapias padrão).
  • Cochrane Reviews sobre intervenções para fissura anal (pomadas, botox, cirurgia) e abordagens para dor pélvica crônica; PBM discutida como coadjuvante em controle de dor de tecidos moles.
  • UpToDate – Chronic anal fissure and pelvic floor pain (fundamentos clínicos e integração com fisioterapia e biofeedback).
  • Guidelines de fisioterapia do assoalho pélvico (IUGA/ICS): uso de recursos físicos e abordagens multimodais em dor pélvica.

Observação: os itens acima reúnem bases conceituais, parâmetros usuais e integração clínica da PBM; a literatura específica em proctologia ainda é emergente e, por isso, recomenda-se interpretação como adjuvante às terapias padrão.

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